Desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 começou foram registrados no Paraná, 166.479 casos de coronavírus de crianças e jovens com idades entre 0 a 19 anos. Nesta segunda (23), os óbitos na faixas etária passaram de cem, chegando a 101 óbitos, segundo boletim da Secretaria de Saúde (Sesa). O aumento de casos e mortes em 2021 em relação ao ano passado chamam a atenção. O número de mortes em 2021 chegou a 82, quatro vezes maior em relação a 2020, quando foram registrados 19 óbitos por Covid de paranaenses com idades entre 0 e 19 anos, de março a dezembro.
Neste ano, o número de casos de coronavírus chegou a 125.393, três vezes maior que a soma dos diagnósticos de 2020: 41.086. No recorte de dados de crianças e adolescentes, a faixa etária com mais mortes e casos é a de 10 a 19 anos. Já a com menos casos e mortes é a de 6 a 9 anos (veja quadro abaixo).
Mortes e casos de covid entre crianças e adolescentes no Paraná
Mortes por Covid 2020
10 a 19 anos – 18
6 a 9 anos – 0
0 a 5 anos 1
Total – 19 mortes
Mortes por Covid 2021
10 a 19 anos – 52
6 a 9 anos – 5
0 a 5 anos – 25
Total – 82 mortes
Casos de Covid 2020
10 a 19 anos – 28.257
6 a 9 anos – 4.639
0 a 5 anos – 8.190
Total – 41.086 casos
Casos de covid 2021
10 a 19 anos – 87.394
6 a 9 anos – 15.987
0 a 5 anos – 22.012
Total – 125.393 casos
2020 e 2021
101 mortes
- 479 casos confirmados
- dados da SESA
Sequelas
Metade das crianças e dos adolescentes internados com COVID-19 no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, apresentou alterações cardiovasculares. Isso motivou a criação de um ambulatório de acompanhamento cardiológico. A infecção pelo coronavírus é extremamente desafiadora para a medicina. Além da fase aguda, que leva os pacientes a necessitarem de internação, os médicos já sabem que uma porcentagem significativa desses pacientes desenvolve sequelas que afetam órgãos como o coração, os rins, os pulmões, o fígado e o cérebro. Nesses casos, fazer a identificação precoce do comprometimento de qualquer um desses órgãos faz a diferença na vida do paciente.
Segundo boletim do Hospital Pequeno Príncipe desta segunda (3), desde 4 de março de 2020, foram investigados 6.537 pacientes com suspeita de Covid e 1.341 positivaram. Entre os casos investigados, 2.173 crianças e adolescentes precisaram ser internados e os demais ficaram em isolamento domiciliar. No momento, nove pacientes estão internados e 12 morreram.
Vacinação de adolescentes
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atualizou nesta segunda (23) suas recomendações para prevenir a covid-19 no retorno às aulas presenciais e destacou que a vacinação dos adolescentes deve ser uma das medidas buscadas para aumentar a segurança nas escolas em meio à pandemia. Elaborado por um grupo de trabalho coordenado pela vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, documento divulgado hoje avalia que “a implementação da vacinação para adolescentes pode reduzir significativamente o fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem e lentamente permitir o relaxamento das medidas de proteção na escola”, diz o texto.
Para os pesquisadores, “não há razão para acreditar que as vacinas não devam ser igualmente protetoras contra a covid-19 em adolescentes como são em adultos e em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras propiciem um retorno às aulas ainda mais seguro”.
A vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos já ocorre em algumas cidades do Brasil, conforme é concluída a vacinação da população adulta com a primeira dose. Até o momento, somente a vacina da Pfizer é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa população, já que não há estudos reconhecidos pela agência sobre o uso dos outros imunizantes em menores de idade. A Fiocruz afirma que é fundamental que a vigilância para faixas etárias mais jovens e nas unidades escolares, como um todo, seja reforçada, já que essa população ainda tem acesso limitado às vacinas.
Outro alerta é em relação à variante Delta, cuja transmissibilidade é maior que a da cepa inicial do SARS-CoV-2. “É importante ressaltar que o aumento da transmissibilidade em todas as faixas etárias foi relatado para as variantes de preocupação (Vocs) do SARS-CoV-2, mais notavelmente para a variante Delta. Em regiões onde uma porcentagem crescente de adultos está totalmente vacinada contra covid-19, mas onde as crianças não são vacinadas, pode-se antecipar que, nos próximos meses, proporções cada vez maiores de casos da doença relatados ocorrerão entre crianças”.
Na semana passada, o Governo do Paraná anunciou que prevê o início da vacinação contra a Covid-19 dos adolescentes, acima de 12 anos, a partir do mês de outubro, com o imunizante da Pfizer, logo depois que toda a população adulta do Estado tiver recebido a primeira dose.
Por Bem Paraná